"A leitura faz ao homem completo; a conversa, ágil, e o escrever, preciso."
(Francis Bacon)
Concordo plenamente, por isso resolvi compartilhar aqui minhas leituras e algumas escritas baseadas naquilo que costumamente leio.
Sinta-se à vontade!

24 de jun. de 2011

O cristão e as provações.

Texto Bíblico: Tiago 1:2-5

2. Meus irmãos, considerem motivo de grande alegria o fato de passarem por diversas provações,

3. pois vocês sabem que a prova da sua fé produz perseverança.

4. E a perseverança deve ter ação completa, a fim de que vocês sejam maduros e íntegros, sem lhes faltar coisa alguma.

5. Se algum de vocês tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá livremente, de boa vontade; e lhe será concedida.

Introdução


A epístola de Tiago é a menos doutrinária e mais prática de todos os livros do Novo Testamento. Esse fato, todavia, não é motivo para subestimar nem superestimar o valor de sua obra, pois doutrina e prática são igualmente relevantes.

Tiago começa sua epístola tratando sobre as provações. Tudo na vida é um teste para o caráter (O caráter de um indivíduo é o seu modo de ser, suas características próprias, seu temperamento. Ele é um traço da personalidade, que diz respeito à maneira usual de cada um agir.). As circunstâncias nunca formam o caráter; elas simplesmente o revelam. As grandes transformações acontecem quando passamos por tribulação. Quem não passa pelas dificuldades fica do mesmo jeito a vida toda
(Rm 5.3,4 - E não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a paciência, e a paciência a experiência, e a experiência a esperança.

Os tempos de sofrimento são períodos de aprendizado – O salmista Davi ressaltou que “O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã” (Sl 30.5). Esta passagem comprova que a dor, a tristeza e o sofrimento são de caráter transitório. Daí o cristão não ter razão para o desespero. Infelizmente, em nossa sociedade hedonista, o prazer é colocado como o bem supremo a ser alcançado. Entretanto, quando enfrentamos uma crise e a superamos, tornamos nosso caráter mais perseverante. A tribulação dá uma oportunidade ao Espírito Santo de transformar o cristão mais de acordo com a imagem de Jesus Cristo (Rm 8.28,29 - E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos.) 

A cruz onde Jesus foi crucificado pareceu uma derrota para os discípulos; ela foi chamada de derrota pelo mundo, mas Deus fez dela a sua maior vitória. 

As maiores bênçãos surgem do sofrimento – Assim como dói quando um ortopedista coloca um osso quebrado no lugar, pode também ser doloroso quando Deus reajusta o caráter de seus servos. Essa é a única maneira de sermos completos, observou Tiago: “E a perseverança deve ter ação completa, a fim de que vocês sejam maduros e íntegros, sem lhes faltar coisa alguma.” (Tg 1.4).

Quando analisamos sinceramente nossas vidas, descobrimos que houve um maior crescimento depois que atravessamos por momentos de dor e sofrimento. Deus nunca usa a lei do menor esforço, porque isso ajuda ao egoísmo e à falta de caráter. Ao contrário, Ele dá-nos a oportunidade de medir nossas forças e perceber que podemos sair vitoriosos. A pedagogia divina é maravilhosa, porque respeita e valoriza a pessoa.

A didática de Deus é nos preparar para vencer - Deus normalmente não tira os obstáculos, mas nos capacita para superá-los. O Senhor não economiza os problemas, mas faz-nos descobrir os meios adequados para vencê-los. Se Deus solucionasse de forma paternalista todos os problemas, isso seria menosprezar as faculdades humanas e tornar o homem inútil e inseguro. Ele nos prepara e fortalece para vencer qualquer dificuldade, para que venhamos a comprovar que é possível chegar mais além do que tínhamos imaginado (Ef 3.20 - Ora, àquele que é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera,).

O cristão deve encarar as provações com alegria – Ao ensinar que os cristãos devem encarar com alegria as provações (Tg 1.2), Tiago tem em mente os benefícios que elas nos trazem: promovem a glória de Deus (Jo 9. 3 – e Jesus respondeu: Nem ele pecou nem seus pais; mas foi assim para que se manifestem nele as obras de Deus.); ensinam a sua vontade (Ne 1.8,9 - Lembra-te, pois, da palavra que ordenaste a Moisés, teu servo, dizendo: Vós transgredireis, e eu vos espalharei entre os povos.); e nos faz voltar para Deus obtendo sua ajuda (Dt 4.30,31 - Quando estiverdes em angústia, e todas estas coisas te alcançarem, então nos últimos dias voltarás para o SENHOR teu Deus, e ouvirás a sua voz.Porquanto o SENHOR teu Deus é Deus misericordioso, e não te desamparará, nem te destruirá, nem se esquecerá da aliança que jurou a teus pais.)

A alegria do cristão consiste em fazer a vontade de Deus, Ele sempre tem um propósito ao permitir as provações na vida dos seus filhos.

A vida é uma disciplina e uma escola – Os mentores da teologia da prosperidade apregoam que o cristão verdadeiro nunca enfrentará percalços e dificuldades. Esta teologia triunfalista apresenta um cristianismo sem cruz, onde o sofrimento foi suprimido (anulado) e onde a pobreza e as dificuldades tornaram-se sinônimos de pecado. Em toda a Bíblia podemos ver homens e mulheres de Deus que sofreram, lutaram e passaram por diversas dificuldades. A vantagem era apenas uma: Eles continuaram confiando em Deus (Hb 11.36-40). Se nossa fé for exercitada só em nosso favor, então nossa fé é egoísta e provavelmente morrerá.

A fé cristã é uma conformação à vontade de Deus – Jesus orou no Getsêmani: “Meu Pai, se for possível, afasta de mim este cálice”. Deus, contudo, não evitou o cálice. De modo obediente, Jesus afirmou: “Todavia não seja como eu quero, mas sim como tu queres” (Mt 26.39).

Não chegaremos a uma fé inabalável de imediato, e nunca conseguiremos demonstrá-la a todo instante. Mas suportaremos qualquer quantidade de dor contanto que compreendamos a razão da nossa esperança, que é o Senhor Jesus Cristo (1Tm1.1).

A perseverança é resultado de uma fé ativa – As dificuldades vencidas nos fortalecem para que enfrentemos outras que surjam, com mais capacidade e confiança. Infelizmente muitos não conseguem vencer os problemas da vida porque lhes falta a perseverança (1 Co 15.58; Rm12.12).

Tiago usa uma palavra grega “hypomoné”, cujo equivalente em português é “perseverança”, como sendo o primeiro resultado de uma fé provada (Tg 1. 3,4). Esta palavra traz a ideia de persistência, da corrida firme até o fim, a despeito das dificuldades. Hypomoné é aquela virtude que faz um cristão continuar avançando, mesmo debaixo de lutas.

Quando procuramos fazer a vontade de Deus isso implicará em muitas dificuldades, por isso temos de perseverar. Se estivermos correndo segundo a vontade de Deus, então o Espírito Santo nos ajudará a ver além dos montes, além das densas nuvens das tribulações. Somente o Espírito Santo é capaz de transformar o sofrimento em perseverança. Em Tiago a palavra perseverança está em conexão com a fé (Tg 1.3). As provações fazem com que alcancemos a maturidade e a integridade em nossa vida.

A sabedoria de Deus nos torna vencedoresO cristão não pode viver como um derrotado - Muitos há que foram atraídos para a igreja por causa das bênçãos que podem receber de Cristo. Na realidade isto não está de todo errado. Porém o trágico é quando a vida cristã não é vista como uma luta, como um engajar-se com Cristo, e sim como uma fuga. A preocupação maior de um seguidor de Cristo não é se esconder do mal, mas combatê-lo, onde quer que se encontre. O que caracteriza os heróis da fé em Hebreus 11 é exatamente sua coragem em permanecerem firmes, como quem vê aquele que é invisível (Hb 11.27)

A estrada da vida tem períodos de grandes dificuldades e épocas em que as coisas andam bem. Há as tribulações inevitáveis, que precisamos enfrentar, procurando as oportunidades nelas embutidas, e usando a fé para encontrar saída. Há também as provações criadas pelo próprio cristão, que são as crises nutridas pelo pessimismo e pelas mágoas. Para superar tais crises, o cristão deve parar de reclamar ou de lamentar e começar a buscar a sabedoria de Deus (Tg 1.5).

A sabedoria a que se refere não é o conhecimento de fatos denominados científicos, mas aquela qualidade do entendimento que aguça a percepção das obrigações morais e o conhecimento das obrigações das realidades eternas (Ef 1.17,18).

Entre os gregos convencionou-se o tipo de sabedoria denominada filosofia. Em boa parte a sabedoria grega era especulativa (indagação), como: De que se constitui o mundo? De onde surgiu o universo? Qual a relação entre ideias e o mundo real? Mas o pensamento desenvolvido pelos hebreus não foi especulativo. Sempre foi moral, crendo num Deus pessoal que se revelara e se manifestara aos homens, mostrando seu querer. Não havia preocupações com o universo e sim com a vida: Como viver bem? Como descobrir o sentido da vida e aproveitá-la ao mesmo tempo em que se agrada a Deus? O filósofo hebreu preocupava-se com o caráter prático e funcional da sabedoria, nunca com seu aspecto abstrato ou teórico.

É esse tipo de sabedoria que devemos pedir com fé a Deus, pois Ele quer que sejamos sábios, que tenhamos orientação correta para esta vida, mas é necessário que o busquemos em oração, sem vacilações, pois “sem fé será impossível agradarmos a Deus”

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