Li recentemente no site iPródigo um artigo de Joe Thorn traduzido por Daniel TC intitulado "Cinco mitos sobre o inferno". Muito bom, recomendo. Um dos mitos dizia acerca de o inferno ser um lugar de diversão! Penso que tal mito se deve pelo fato de a humanidade, em seu estado de Velho Homem, considerar o sexo como o ápice de seu prazer.
De acordo com a Bíblia, o casal foi criado para que se reproduzissem e povoassem a terra; no céu entrarão os salvos pela fé, não haverá salvos reproduzidos. Outro objetivo da criação de homem e mulher foi pra que tivessem companhia (Gn 2.18). Ora, no céu teremos a companhia dos salvos em Jesus Cristo (Ap 21.3), não há a necessidade de casamento. O próprio Jesus disse que no céu não se casarão nem se darão em casamentos (Mt 22.30).
Assim, a inexistência de sexo no céu, pela ótica humana, torna então as coisas sem graça.
Gosto da forma como C.S. Lewis responde a esse questionamento em seu livro Milagres:
A letra e o espírito das Escrituras, e de todo o Cristianismo, nos proíbem supor que essa vida na Nova Criação será sexuada, e isto reduz nossa imaginação à triste alternativa de corpos que dificilmente serão reconhecíveis como humanos ou que viverão um jejum perpétuo. Com relação à abstinência, penso que nossa perspectiva atual seja a de um menino que, ao lhe contarem que o ato sexual representa o mais elevado prazer físico, perguntasse imediatamente se você poderia comer chocolate ao mesmo tempo. Ao receber resposta "negativa", ele talvez viesse a considerar a ausência de chocolate a principal característica da sexualidade. Seria inútil dizer-lhe que os amantes, em seu êxtase sexual, não se preocupam com chocolate, pois têm algo melhor em que pensar. O menino conhece o chocolate, mas não o elemento positivo que o exclui. Achamo-nos na mesma posição.
Conhecemos a vida sexual e desconhecemos, exceto por vislumbres, a outra coisa que, no Céu, não deixará lugar para ela. Assim, onde a plenitude nos aguarda, antecipamos o jejum. Ao negar que essa vida sexual, como agora a entendemos, faça parte da bem-aventurança final, não é obviamente necessário supor que a distinção entre os sexos irá desaparecer. O que não for mais necessário para os propósitos biológicos pode vir a sobreviver pelo esplendor. A sexualidade é tanto o instrumento da virgindade quanto o da virtude conjugal; nem homens nem mulheres terão de depor as armas que empregaram com triunfo. São os derrotados e os fugitivos que largam mão da espada. Já os conquistadores a embainham e as mantêm consigo. "Além-sexual" seria um termo melhor do que "assexuado" para a vida celestial.
E vi um novo céu, e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe.
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