Partidos Políticos
Fariseus – Os fariseus eram um partido religioso. Os dois principais partidos religiosos dos dias de Jesus eram os fariseus e os saduceus. À medida que o helenismo (difusão da língua, cultura e pensamentos gregos) começava a invadir a vida dos judeus, a pergunta inevitável era como a Lei de Deus devia ser aplicada às novas circunstâncias. Os fariseus lançaram mão das Escrituras e tomaram sobre si a responsabilidade de determinar como a Lei deveria ser aplicada às condições mais recentes e como, se necessário, devia ser reinterpretada. Foi assim que os mestres da Lei (ou escribas) chegaram a uma posição de destaque no período intertestamentário. Os fariseus aceitavam tanto a Lei quanto a tradição.
Entre os fariseus e Jesus houve conflitos frequentes, apesar de terem muita coisa em comum teologicamente e de Jesus ter tido muitos contatos mais pacíficos com os fariseus (Lc 7.36; 11.37; 13.31-33; 14.1; Mc 12.28-34; Mt 23.1,2). Ao mesmo tempo Jesus rejeitou a validade das leis orais dos fariseus, bem como a ênfase que davam à pureza ritual, a ponto de os fariseus recusarem terem qualquer contato com “pecadores”. Jesus veio com o convite a todas as pessoas para entrarem no Reino de Deus, ao passo que os fariseus desconvidavam, com efeito, todos quantos não vivessem segundo as suas normas – e assim excluíam quase todas as pessoas. Era especialmente esse exclusivismo dos fariseus que Jesus repudiava. Ao empregarem meros padrões de comportamento externo para avaliar o relacionamento que as pessoas tinham com Deus, deixavam de reconhecer que o mais importante é o que está dentro da pessoa e que, portanto, os próprios fariseus necessitavam da graça de Deus tanto quanto o pior pecador. E era essa religião exterior que lhes dificultava grandemente crerem em Jesus (que não fazia todas as coisas que os fariseus achavam que uma pessoa religiosa devia fazer).
Saduceus – O partido dos saduceus consistia em sacerdotes ricos e seus amigos da aristocracia. Eram conservadores quanto à religião, no sentido de aceitarem a autoridade dos cinco livros de Moisés, mas não a dos Profetas nem a dos Escritos. Por isso, quando levantam dúvidas diante de Jesus no tocante à ressurreição (Mt 22. 23-33), Jesus faz uma citação de Êxodo 3.6, porque uma citação dos Profetas não teria tido validade para eles. Ao mesmo tempo, formavam o grupo que exercia domínio político, o que os levou a apoiar – com propósitos pragmáticos – alguns aspectos do helenismo. Quando a Palestina se tornou parte do Império Romano, os saduceus colaboraram com os romanos e procuraram manter o status quo, para não perder a posição de liderança.
Os saduceus tiveram mais poder que os fariseus (embora o povo comum apoiasse os fariseus) até 70 d.C. Com a destruição do Templo – o centro do poder dos saduceus – estes simplesmente ficaram sem o menor papel para desempenhar e desapareceram. Os fariseus, em contrapartida, passaram a ser os verdadeiros líderes do povo judeu a partir de 70 d.C., ao lhe fornecerem uma vida religiosa à parte do Templo. Depois da revolução fracassada de Bar-Kokhba (132 – 135 d.C.), os romanos passaram a reconhecer os fariseus como um grupo dirigente nos assuntos da vida judaica
Funcionários religiosos
Mestres da Lei (escribas) – Eram uma classe especial de pessoas que copiavam documentos e registravam informações. Eram secretários governamentais que produziam exemplares e manuscritos das Escrituras. No decorrer do tempo, tornaram-se cada vez mais influentes e passaram a assumir posições de liderança no governo.
Quando, no período helenístico, muitos dos sacerdotes prevaricaram contra os ensinos da Lei ao aceitar ideias e costumes pagãos, os escribas passaram a ser os defensores da Lei e os ensinadores das massas. Agiam, na realidade, como se fossem nobreza (Mt 23.5-7; Mc 12.38,39; Lc 11. 43; 20.46).
No zelo de proteger a Lei, os escribas chegavam a lhe aumentar as exigências – eles “levantavam uma cerca ao redor da Lei” na forma de mandamentos detalhados e específicos que impediriam o povo de até mesmo chegar perto de quebrar a Lei. Por exemplo: a “jornada do sábado” - uma distância que a pessoa podia percorrer no sábado – foi instituída para garantir que o povo não violaria o mandamento do repouso sabático. Mas, conforme Jesus indicou, eles eram tão zelosos no cumprimento da letra da Lei que deixaram de compreender a própria Lei e de implementar o espírito da Lei. Jesus recusou-se a ser limitado pelos acréscimos que os escribas fizeram à Lei, e assim ficou sendo alvo da inimizade deles (Mc 12.40; Lc 20.47).
O sumo sacerdote – devia ser um descendente direto de Arão, o primeiro sumo sacerdote. Era um cargo hereditário.
No período romano, o sumo sacerdote era nomeado de modo semelhante aos demais oficiais do governo. Desde o tempo de Herodes, o Grande, até a destruição de Jerusalém em 70 d.C., houve nada menos que 28 sumos sacerdotes!
É interessante notar que, possivelmente, os próprios líderes judeus tenham continuado a respeitar um sumo sacerdote que já não exercia o cargo, como se ainda tivesse uma posição oficial, embora tivesse sido deposto. Afinal de contas, segundo a Lei de Moisés o sumo sacerdote permanecia no cargo até a morte. Quando Jesus foi detido, ele foi enviado primeiramente a Anás (que já fazia 15 anos que deixara o cargo!) e só então a Caifás, que era o sumo sacerdote naquela época. Em Atos 4.6, Anás é chamado sumo sacerdote, embora já não o fosse, tecnicamente.
O sofrimento de Jesus: condenação e crucificação
- Depois da última ceia, às oito ou nove da noite, Jesus foi para o Getsêmani, a uma distância de 1,6 km.
- No Getsêmani Jesus ficou em agonia por duas, três ou até mesmo quatro horas. Em seguida, foi detido e levado à casa do sumo sacerdote, perto da qual tomara a última ceia.
- Na casa do sumo sacerdote, Jesus foi mantido desde a meia-noite até o raiar do sol. Foi condenado, zombado, cuspido, negado por Pedro e, ao amanhecer, oficialmente condenado e encaminhado a Pilatos.
- Tribunal de Pilatos, na Fortaleza Antônia. Pilatos procurou eximir-se de responsabilidade e encaminhou Jesus a Herodes (Herodes Antipas, filho de Herodes, o Grande (?)).
- No palácio de Herodes Jesus foi alvo de zombaria e depois mandado de volta a Pilatos.
- Novamente diante de Pilatos foi açoitado e condenado à crucificação.
A ressurreição
Ao terceiro dia Jesus ressuscitou - No uso linguístico hebraico, as partes de dias no começo e no fim de determinado período eram contadas como dias (Est 4.16; 5.1). “Três dias e três noites” (Mt 12.40; 1Sm 30.12,13), “depois de três dias” (Mc 8.31; 10.34; Jo 2.19) e o “terceiro dia” (Mt 16.21; 17.23; 20. 19; Lc 9.22; 24.7,21,46) são expressões intercambiáveis para o período que Jesus passou no sepulcro, desde sexta-feira à tarde até domingo de manhã.
Os primeiros a proclamar a ressurreição de Jesus estavam totalmente despreparados para crer nela, determinados a não crer, mas vieram a crer, a despeito de si mesmos. Esse fato torna insustentável qualquer possibilidade de essa história ter surgido da imaginação empolgada e cheia de expectativas. Não há maneira concebível de explicar a origem dessa história senão que foi um fato. Um dia, nós também, pela graça de Jesus, ressuscitaremos.
0 comentários:
Postar um comentário
Deixe registrado o seu comentário, a sua opinião, é importante para o crescimento desse trabalho.
"O que ama a correção ama o conhecimento;"Pv 12:1a