O verbo amar no português é pobre. Usa-se a mesma palavra para todas as situações em que o afeto é possível.
Para Deus, ou o sorvete, o banho de cachoeira, a mãe e irmã, a amiga, e o marido usa-se um verbo só: amar.
É evidente que são tipos diferentes de amores, mas a língua dá-nos uma única palavra.
No grego, há várias expressões para o amor. Ágape, o amor abnegado, amor de Deus; Pragma, o amor maduro dos casais; Philautia, o amor a si mesmo; Philia, o amor dos pais por seus filhos, o amor entre irmãos, o amor amizade; Ludus, o amor divertido entre crianças, o amor do flerte dos jovens, ou simplesmente o amor numa roda de brincadeiras; e Eros, o amor ardente dos amantes. Amores diferentes, expressões igualmente diferentes.
Por causa da pobreza do vocabulário português a sociedade convencionou ser moralmente aceito dizer “Eu te amo” somente à pais, filhos e namorados (maridos, esposas). E ainda assim em tonalidades diferentes.
A confusão é certa se entre dois amigos um decide enviar um “Eu te amo” ao outro! Em geral, no amigo que recebe tal declaração, percebe-se um arquear interrogativo das sobrancelhas. E se os amigos são do sexo oposto a confusão é garantida! Nesse par não é imaginado o amor-Philia, mas tão somente Eros.
Será que a ausência das palavras prejudicou a compreensão dos sentimentos?
Volte, língua grega!
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